Quando escrevo sobre o desempenho da economia brasileira, não consigo encerrar a análise sem comentar que nosso PIB está patinando há anos, que nos transformamos num país primário exportador e que estamos na armadilha de país de renda média.
De fato, nosso PIB per capita, da ordem de US$ 9,0 mil, situa-se abaixo de US$ 12,6 mil, que é o piso a partir do qual o Banco Mundial considera que o país superou a renda média.
A título de comparação, vejamos a estimativa do PIB per capita de alguns países: Estados Unidos: US$ 69,2 mil; Austrália: US$ 63,5 mil; Canada: US$ 43,9 mil; Alemanha: US$ 42,7 mil; França: US$ 38,0 mil; Japão: US$ 35,3 mil e México: US$ 9,5 mil.
Estas estatísticas mostram que estamos muito aquém do mundo desenvolvido e que se não adotarmos medidas realmente disruptivas, continuaremos nesta armadilha, de tempos em tempos comemorando alguns soluços de crescimento e assistindo ao aumento das desigualdades sociais.
Inevitável a pergunta: como escapar da armadilha de renda média? É preciso avançar na execução de políticas públicas horizontais e verticais, no âmbito de uma estratégica de crescimento de médio e longo prazos.
Dentre as horizontais, destacam-se os investimentos em educação e em ações que levem a ganhos de produtividade e as reformas tributária e do Estado.
Dentre as verticais, é preciso investir em infraestrutura, modernizar o processo produtivo, notadamente na indústria de transformação com incentivos à inovação tecnológica, focar nas exportações de produtos com maior valor agregado e construir um mercado interno forte.
Não será fácil e poucos países de renda média conseguem escapar desta armadilha. Temos vantagens comparativas que precisam ser aproveitadas, como nosso potencial de geração de energia limpa. O foco deve estar na transição energética e integração entre infraestrutura e neoindustrialização.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e ex-Secretário do Tesouro Nacional