O IBGE divulgou as estatísticas do PIB do Brasil em 2022, mostrando que a atividade econômica cresceu 2,9%, atingindo R$ 9,9 trilhões. Do lado da oferta, o agro caiu 1,7%, a indústria cresceu 1,6% e os serviços cresceram 4,2%. Pelo lado da demanda, houve crescimento de todos os fatores: o consumo das famílias subiu 4,3%, o do governo cresceu 1,5%, os investimentos foram expandidos em 0,9% e o setor externo também contribuiu positivamente.
Considerando os dados do Valor Agregado, o agro, a indústria e os serviços contribuíram com 8%, 24% e 68%, respectivamente, para a formação do PIB de 2022. Pela demanda, a maior contribuição veio do consumo das famílias, com 63%, ficando os investimentos com 19% e o consumo do governo com 18%.
Estes dados mostram que o aumento do consumo das famílias foi fundamental para a expansão dos serviços, neste pós Covid-19. Mas causa preocupação a queda de 0,3% observada na indústria de transformação e o aumento de apenas 0,9% nos investimentos.
As análises relativas ao IV trimestre de 2022 acende o sinal amarelo ou até o vermelho. O PIB dos últimos três meses do ano passado em relação ao trimestre anterior caiu 0,2%, com destaque para a redução de 1,4% na indústria de transformação e queda de 0,9% no comércio, dados em linha com os levantamentos da sondagem da indústria e do comércio varejista. Pela demanda, os investimentos caíram 1,1% no final do ano passado.
Se por um lado, a queda da atividade econômica do último trimestre do ano passado já mostra que o PIB de 2023 será mais fraco, por outro, abre espaço para a redução das elevadas taxas de juros, a principal causa do menor desempenho da economia.
A deflação de 0,06% da inflação de fevereiro medida pelo IGP-M/FGV, com alta acumulada em 12 meses de apenas 1,86%, também contribui para a redução dos juros. Falta apenas equacionar o lado fiscal.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e ex-Secretário do Tesouro Nacional