Recebi vários comentários de leitores em decorrência do artigo TIGRES E ONÇAS publicado na semana passada. Um deles mencionou que antes mesmo do período do milagre econômico dos anos 60-70, o Brasil já havia crescido bastante no governo Juscelino Kubitschek.
De fato, através do Plano de Metas, com o lema “cinquenta anos em cinco”, o governo JK implantou a indústria automobilística através de incentivos fiscais, iniciou a expansão de usinas hidroelétricas e facilitou a entrada de capital estrangeiro para associação com indústrias nacionais. Entre 1956 e 1960, a economia brasileira cresceu à taxa média de 8,1% a.a.
Na realidade, antes mesmo de JK, a economia brasileira também experimentou elevado crescimento no pós guerra, na esteira da urbanização e da criação da CSN e Vale do Rio Doce, por exemplo. De 1943 a 1955, o país cresceu à taxa média de 6,9% a.a.
Em 37 anos, de 1943 a 1979, nossa economia cresceu à taxa média de 7,3% a.a., uma verdadeira ONÇA DAS AMÉRICAS, em analogia aos TRIGRES ASIÁTICOS.
Mas a partir de 1980, com os choques de preços do petróleo e dos juros internacionais, excesso de endividamento público interno e externo, elevada inflação, descontrole das contas públicas e falta de políticas de desenvolvimento de médio e longo prazos, incluindo a industrial, patinamos no quesito crescimento econômico.
Em 43 anos, de 1980 a 2022, nossa economia cresceu à taxa média de apenas 2,3% a.a. – menos de um terço do crescimento médio de 1943 a 1979 – e, como disse um leitor, estamos mais para jaguatirica do que para onça.
Devemos aproveitar os exemplos do nosso próprio passado para reindustrializar o País, não com empresas estatais, mas com políticas de atração e incentivos ao investimento privado em setores onde temos vantagens comparativas (energia limpa e agronegócio), sem contar os de alta tecnologia, como semicondutores.