Tigres e onças

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A indústria de transformação no Brasil já foi forte, principalmente no final dos anos 60 e início dos 70, época do milagre econômico, quando foi adotada uma série de incentivos à indústria de base, com substituição de importações e apoio às exportações.

Mas, com os choques de juros e do petróleo no final dos anos 70, o Brasil experimentou elevado endividamento público interno e externo, baixos investimentos e crescimento econômico, elevados déficits públicos, moratória da dívida externa e escalada da inflação, que chegou a atingir 2500% em 1993.

Enquanto o Brasil tentava se reerguer, executando diversos planos de estabilização de preços, o que só veio a ser exitoso em 1994 com o Plano Real, países como Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan, os chamados Tigres Asiáticos, conheceram forte industrialização, baseada em apoios à exportação, atração de investimentos e redução de impostos. Sem falar no Japão e China.

E a partir da segunda metade dos anos 90, outros países, através dos mesmos incentivos e aproveitando o excesso de oferta de matéria prima e mão de obra barata, experimentam crescimento da sua indústria de transformação. São os Novos Tigres Asiáticos, como Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. 

Ao mesmo tempo, surgem as políticas de incentivo para a atração de empresas, investimentos maciços em infraestrutura e incentivos às exportações na Índia. E Bangladesh vai no mesmo caminho.

O Brasil, que já foi a Onça das Américas, pela sua pujante indústria de transformação nos anos 70, está ficando para trás, pois nossa manufatura, após representar 30% do PIB naquela época, atingiu 15% em 2004 e 11% em 2022. 

É claro que muitos dos países mencionados mantêm elevadas carências sociais e péssima distribuição de renda (como nós), mas devemos aproveitar os bons exemplos nas políticas de impulso à industrialização.

 

Roberto Figueiredo Guimarães

Diretor da ABDIB e ex-Secretário do Tesouro Nacional