Mais do que sinais, os dados mostram que a atividade econômica no Brasil está bem mais fraca. É o que mostra o Índice IBC-Br, do Banco Central, que vem caindo constantemente desde agosto do ano passado, quando atingiu seu teto.
A produção industrial, comércio varejista e o setor de serviços também estão mais fracos. A relação crédito total/PIB, em elevação desde 2019, já indica estabilidade. Os investimentos, após elevado crescimento em 2021, devem ter encerrado 2022 com incremento quase nulo.
Grande parte disto deve-se às elevadas taxas de juros, que estão em 13,75% a.a. desde agosto último, depois de terem atingido 2% a.a. exatamente dois anos antes. Os juros reais em 2020 ficaram demasiadamente negativos (dovish) para incentivar a economia no auge da pandemia. E, agora, estão extremamente positivos (hawkish) para segurar a economia e reduzir a inflação.
Em que pesem os dados que mostram a atividade econômica mais fraca, com menos pressões sobre a demanda e a inflação, o Banco Central insiste na manutenção de juros altos, sob a alegação de existência de risco fiscal.
Ora, se existe risco fiscal, ele é, por enquanto, para baixo, pois o teto de déficit público já está dado e, de agora em diante, só pode haver boas notícias neste front. O pacote de medidas anunciado pelo governo, longe do que é necessário, trará algum alívio nas contas, talvez com metade do que o anunciado. A inflação, por vezes, sócia do governo, ajudará com uma arrecadação tributária maior do que a prevista.
O governo ainda pode colocar no seu caixa já em 2023 uma receita primária de cerca de R$ 50 bilhões adicionais, se securitizar dívida tributária já parcelada.
É o que temos para 2023, enquanto esperamos pelas verdadeiras reformas, cujos efeitos só serão sentidos a partir de 2024.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e ex-secretário do Tesouro Nacional