Estimativas indicam que nosso PIB deve ter crescido cerca de 3% em 2022, puxado pelos serviços, alcançando aproximadamente R$ 10 trilhões. Não deixa de ser uma boa notícia, mas é muito pouco para o que precisamos.
De 1996 a 2022, a economia brasileira cresceu 74,1%, com média de 2,1% a.a. O impressionante é que 98,4% deste crescimento ocorreu de 1996 a 2014. De 2015 para cá, nossa economia, após ter passado pela pior recessão da história (2015-16), cresceu apenas 1,6%. Em 2022 tivemos praticamente a mesma produção de 2014. Estamos estacionados há 8 anos.
No mesmo período, nossa população cresceu 32%, passando de 164 milhões de habitantes para cerca de 215 milhões agora. O PIB per capita, que atingiu seu máximo no biênio 2013-14, vem caindo deste 2015 e iniciou recuperação em 2021. Estamos, neste indicador, próximos ao observado em 2010, indicando que estamos estacionados há 12 anos, sem falar na péssima distribuição de renda.
Esta comparação mostra que precisamos de muito mais e que não devemos nos contentar com crescimentos pífios, como vem acontecendo nas últimas décadas. Só para lembrar, já tivemos crescimento padrão chinês nas décadas de 60 e 70, com taxas acima de 10% a.a., período do chamado milagre econômico.
De lá para cá, tivemos apenas soluços de crescimento, que não foram capazes de resolver as elevadas desigualdades de renda existentes no País.
Precisamos de choques que alterem o status quo. Choques de gestão, de reforma do Estado, da qualidade dos gastos públicos, da equidade tributária, da redução dos benefícios fiscais, sem falar na educação e saúde.
Precisamos, ainda, de choques de investimentos privados em infraestrutura, sozinhos e acompanhados dos públicos via PPPs em projetos estruturantes, e na política industrial, que traga inovação e ganhos de produtividade, tudo num cenário ambientalmente responsável.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e ex-secretário do Tesouro Nacional