Chegou 2023 e com ele, além das esperanças comuns nestes momentos, um novo governo acompanhado de desafios e de velhas desconfianças.
Em resposta às desconfianças, Lula, com razão, mostra os resultados dos seus dois primeiros governos, com destaque para a geração dos maiores superávits primários/PIB e maior crescimento dos investimentos, da indústria da transformação e do PIB observados pelo menos nas últimas quatro décadas.
Por outro lado, os desconfiados, também com razão, temem a volta das práticas dos governos Dilma, quando houve a deterioração destes mesmos indicadores.
Por ora, temos um orçamento para 2023 turbinado com despesas de transferência de renda e a formação de um ministério expandido para abarcar os apoios de parlamentares de nove partidos políticos.
Temos, ainda, um Banco Central independente, que pode executar a política monetária sem interferências políticas. Mas esta mesma independência faz com que a sociedade arque com as consequências de exageros da autoridade monetária, que prefere errar pelo excesso ao manter juros reais acima de 8,5% a.a., num ambiente longe do pleno emprego e dominado por inflação de custos. Isto custa muito caro aos tomadores de recursos, sejam públicos ou privados.
Como a atividade econômica está mais fraca, os juros reais já poderiam iniciar uma trajetória de queda, o que seria um alívio e sem risco para a inflação.
O Brasil precisa reindustrializar a economia e de ações realmente disruptivas. Se 2023 não for transformador, ficaremos por anos neste marasmo de crescimento de renda e emprego de país de renda média.
Por enquanto e ainda longe da criação de nova âncora fiscal, é hora de trabalhar as expectativas e um bom começo pode ser a sinalização de que as reformas tributária e administrativa e as concessões de infraestrutura vão avançar e de que não haverá retrocessos regulatórios.