A semana passada foi fértil com a divulgação de estatísticas econômicas e sociais. Há boas, más e estarrecedoras notícias, que servem de base para a tomada de decisão de política pública.
O PIB do terceiro trimestre cresceu 0,4% frente ao trimestre anterior. Os destaques positivos foram, pelo lado da oferta, os serviços de informação, comunicação e atividades financeiras e a indústria da construção. E os negativos, a agropecuária e a mineração.
Pelo lado da demanda, o maior destaque esteve nos investimentos e no consumo das famílias, sendo que a contribuição do setor externo (exportações menos importações) foi negativa.
O PIB em 2022 deve crescer algo em torno de 3%, alcançando quase R$ 10 trilhões, taxa inferior aos 5% observados em 2021.
A taxa de desocupação do trimestre encerrado em outubro, de 8,9%, atingiu o menor nível desde julho de 1995. A população desocupada, subocupada, subutilizada e desalentada atingiu 41,9 milhões de pessoas.
Já o rendimento real do trabalhador, que alcançou R$ 2.754,00, cresceu 2,9% em relação ao trimestre anterior e a massa de rendimento real habitual foi recorde da série histórica.
Os dados de venda de eletroeletrônicos e da última Black Friday já indicam desaceleração do consumo, puxada, em grande medida, pelas desnecessariamente elevadas taxas de juros da economia. Fica uma expectativa positiva quanto ao aumento consumo das famílias de baixa renda em 2023 em função das políticas de transferência de renda.
Aliás, os estarrecedores dados do índice de pobreza no Brasil indicam a importância e urgência destas políticas. Segundo o IBGE, em 2021 a pobreza teve aumento recorde e atingiu 62,5 milhões de pessoas, maior nível desde 2012. Ou seja, cerca de 30% da população do Brasil estavam na pobreza, com 18 milhões de pessoas na extrema pobreza.
É para estas pessoas que os políticos precisam olhar.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e Ex-Secretário do Tesouro Nacional