Ainda estamos longe, mas já tem gente pensando em 2024, pois, do ponto de vista econômico, os próximos dezoito meses já estão precificados, com baixo crescimento do emprego e da renda.
Nestes poucos meses que faltam para encerrar 2022, o país estará focado nas eleições para presidente da república, governadores, senadores e deputados federais, distritais e estaduais. Nenhuma reforma estruturante será realizada. Até a agenda legislativa federal voltada para impulsionar investimentos ficou paralisada, como os projetos de lei relativos às debêntures de infraestrutura, consolidação das concessões, licenciamento ambiental, securitização de créditos tributários, mobilidade urbana, etc.
Pelo contrário, medidas de cunho populista que aumentam os gastos públicos correntes estão sendo adotadas, o que, ao carregarem e amplificarem o risco fiscal para 2023, contribuem para manterem elevados os juros, a taxa de câmbio e a inflação.
Investimentos públicos já estão debilitados e os privados estão sendo adiados, assim como alguns leilões de concessão de infraestrutura. A causa está na elevação do custo de insumos, das taxas de juros e das incertezas quanto à evolução da economia (inclusive a mundial), o que faz aumentar o risco dos investimentos ou até torná-los desinteressantes pela falta de rentabilidade.
O aumento da demanda agregada via consumo do governo e das famílias estará comprometido pelas restrições fiscais, reduções do rendimento real dos trabalhadores, juros elevados, etc. E haverá fortes pressões para a concessão de reajustes salariais e ampliação de auxílios emergenciais.
Os eleitos em 2022, que tomarão posse em 2023, não encontrarão um ambiente econômico promissor, o que demandará a adoção de medidas de ajuste cujas discussões e implementação são complexas e lentas e os efeitos decorrentes, demorados.
Então, que venha logo 2024.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base – ABDIB e Ex-Secretário do Tesouro Nacional