O mundo caminha, através de programas de transição energética, para uma economia mais limpa, com menos emissões de gases do efeito estufa. Discussões sobre sustentabilidade e clima vem ocorrendo há décadas e diversos acordos e compromissos rumo à descarbonização já foram firmados no âmbito da ECO-92, Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris, COP26, etc.
Por enquanto, estamos bem neste quesito. Nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, pois concentra suas fontes de energia em origem renovável. Utilizamos 83% de fontes renováveis para a produção de energia, enquanto a média mundial é de 25%. Dentre as renováveis, destaca-se, de longe, a hidrelétrica, seguida do gás natural, eólica, solar, biomassa e etc.
O conflito Rússia-Ucrânia, ao deixar transparentes os problemas da logística do mercado de energia no mundo, mostrou que a segurança energética de um país mudou de patamar do ponto de vista estratégico. Virou um ativo mais importante e valioso.
O risco de o Brasil ficar sem fonte de energia em decorrência de crises bélicas ou econômicas ao redor do mundo é bem menor quando comparado com o da maioria dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Além disso, em decorrência da extensão territorial, perímetro do litoral, clima e regime de chuvas, nossa matriz energética tende a ser cada vez mais limpa, o que abre um caminho promissor para a geração de hidrogênio verde, cujo processo industrial é intensivo em uso de energia.
Num futuro que logo baterá às nossas portas, o Brasil poderá até ser exportador líquido de hidrogênio verde, produzido através de fonte eólica offshore.
Ou seja, num mundo cada vez mais exigente com relação à descarbonização, a transição energética em curso pode ser uma oportunidade sem precedentes para nossa indústria e infraestrutura. Para tal, precisamos unir esforços públicos e privados.
Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base – ABDIB e Ex-Secretário do Tesouro Nacional