O que indicadores semanais de demanda na infraestrutura mostram após um ano de pandemia?

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Em março, completou um ano que o Brasil começou a sentir com mais intensidade os efeitos da pandemia da Covid-19, o que impactou todos os setores produtivos e atividades sociais desde então. Os mercados de infraestrutura, da mesma forma que o restante da economia, também sofreram as consequências – alguns mais, outros menos.

Ao longo do primeiro ano da pandemia no Brasil, os cenários demonstrando os impactos da Covid-9 nos setores de infraestrutura foram atualizados semanalmente em apurações da consultoria Vallya, disponibilizadas na seção Indicadores de Infraestrutura do portal da Abdib em parceria exclusiva. O espaço se propõe a demonstrar a evolução da demanda em áreas estratégicas da infraestrutura, servindo como importante termômetro para atividade econômica como um todo.

A partir dessa semana, a Vallya fará comparações temporais que contemplam os impactos da pandemia desde março de 2020. O estado de São Paulo encontra-se atualmente na chamada fase roxa, que impõe a aplicação de fortes medidas de isolamento social. Mesmo assim, aponta a Vallya, diversos setores encontram-se em situação melhor do que um ano atrás. Mas há exceções. Veja análises que consideram a quarta semana de março de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

Energia: Os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontaram para expansão, mesmo que inconsistente, ao longo dos últimos meses. Isso fica evidente ao analisar os dados da 4ª semana de março – expansão de 18,1% na carga de energia, de 18,6% na geração de energia e de 15,1% na demanda máxima horária. Ou seja, este importante indicador da economia está em patamares muito acima do início da pandemia.

Rodovias: A movimentação em rodovias ainda está abaixo do nível pré-pandemia, mas está em uma situação bem melhor do que no início dela, muito em função da boa performance dos veículos de carga. A movimentação em trechos concedidos para a Ecorodovias está 42,2% acima quando comparado ao início da pandemia.

Mobilidade Urbana: Este é um setor onde as concessionárias de serviços estão com o fluxo de caixa bastante apertado. A movimentação de passageiros no transporte público vinha apresentado quedas consistentes entre 40% e 50% (CCR Mobilidade) em comparação com o período anterior à pandemia. Quando os dados atuais são comparados com o início da pandemia, a movimentação da CCR Mobilidade encontra-se 28,1% acima na quarta semana de março frente ao mesmo período de 2020.

Aeroportos: De longe o setor que mais sofreu com a pandemia, a movimentação em aeroportos da CCR ficava consistentemente entre 50% e 60% abaixo do período pré-pandemia. Quando os dados atuais são comparados com o início da pandemia, a movimentação está ligeiramente acima (alta de 3,9%), o que demonstra como o ritmo de recuperação tem sido lento no setor e o quão distante o país está de uma recuperação plena na movimentação em aeroportos.

 

Movimentação ferroviária com expansão em fevereiro – Os dados de movimentação de cargas em ferrovias disponibilizados pela ANTT apontaram para crescimento de + 0,87% no mês de fevereiro em comparação com o mesmo período do ano anterior, o que representa um crescimento de 7,41% no acumulado do ano.

Em relação às concessionárias, a Vallya destaca o aumento na movimentação da MRS (+ 38,85%), da VLI (+ 17,04%) e da Transnordestina (+ 10,30%) no mês de fevereiro de 2021 frente ao mesmo mês de 2020. O destaque negativo foi a Vale, que registrou queda (- 7,79%) no mês e teve forte impacto no resultado agregado dado o tamanho da operação.

Em relação aos produtos transportados todos encontram-se com crescimento positivo quando o resultado no acumulado do ano é avaliado em comparação ao mesmo período do ano anterior, com exceção para a soja (-82,31%), em função da venda antecipada de estoques. O destaque positivo foi o transporte ferroviário de milho (+ 84,12%).

Em fevereiro (em comparação ao mesmo mês de 2020), o maior crescimento foi observado no transporte de celulose (+ 16,48%) e óleo diesel (+ 12,28%) enquanto a maior queda foi observada no transporte de açúcar (- 21,50%), commodity que teve um ano fantástico em 2020.

Dados EPE mantém tendência de expansão – O consumo de energia elétrica na rede cresceu 1,14% no mês de fevereiro em comparação com o mesmo período do ano anterior. O segmento industrial teve o melhor desempenho (+ 4,35%), seguido pelo residencial (+ 3,41%). O segmento comercial foi o único a registrar queda (- 7,35%), ainda sofrendo o forte impacto das medidas de isolamento social.

O segmento industrial tem obtido bons resultados e registra alta de 6,23% no acumulado do ano em comparação ao mesmo período de 2020.

Em fevereiro, em comparação ao mesmo mês de 2020, quando analisado o uso de energia elétrica para fabricação de produtos específicos, houve expansão generalizada – a maior alta foi observada na fabricação de minerais não metálicos (+ 9,82%). A única queda registrada foi na fabricação de alimentos (- 1,43%).

Adesão ao isolamento social – Os dados de movimentação disponibilizados pela Apple e Google refletem a aderência ao isolamento social no Brasil e podem ser visualizados na integra nas tabelas. A Vallya constatou queda significativa em diversos índices, mensurado através da geolocalização do aparelho móvel.

A Apple disponibiliza dados como uso de veículos pessoais e transporte público, além da quantidade de pessoas circulando nas ruas.

Já o Google disponibiliza dados de movimentação em locais e não sobre o meio de transporte em si. São variáveis como estações de ônibus e trens, parques e lojas de conveniência. As informações disponibilizadas compreendem o período entre o final do ano (12-18 de dezembro) e a semana passada (20-26 de março).

 

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