
Nem tudo ocorreu ou vem ocorrendo no cronograma previsto, de forma que obras importantes pudessem ser concluídas com bastante antecedência. Nem todas as decisões contemplaram as ansiedades ou a lógica da sociedade. No entanto, os investimentos atualmente em andamento ou em licitação devem contribuir de forma incisiva para a organização eficiente da Copa do Mundo e ajudar a melhorar as condições de infraestrutura e de serviços públicos nas cidades e no Brasil.
Em 2009, a Abdib concluiu um estudo que, com a Copa do Mundo do radar, objetivou tanto diagnosticar carências nas áreas de infraestrutura e de serviços públicos quanto identificar projetos de investimento capazes de reduzi-las ou eliminá-las. Nas 12 cidades então escolhidas para serem sedes da Copa 2014, foram identificados 872 projetos compreendendo investimentos estimados em R$ 113,3 bilhões. Os empreendimentos listados – alguns deles em fase de planejamento, outros em estudo ou em obras – foram informados pelos comitês locais criados pelas cidades para organizar o megaevento esportivo.
Um aspecto é bastante importante dentro dos princípios e dos conceitos que nortearam o estudo. Os projetos identificados não foram listados por atenderem exclusivamente a Copa do Mundo, mas principalmente porque têm potencial para reduzir ou eliminar deficiências e carências atuais ou previstas tanto na infraestrutura quanto na rede de serviços públicos.
Por isso, não é apropriado cravar que o Brasil requer R$ 113,3 bilhões para organizar a Copa do Mundo de 2014. A lógica é outra. O País precisa deste valor e de muito mais do que isso – para melhorar a oferta de serviços aeroportuários e de transporte público, de saneamento básico, segurança e saúde pública, entre outros, que atendem também a organização do evento esportivo, mas prioritariamente e primeiramente, as perspectivas de crescimento econômico e de desenvolvimento social.
Um evento do tamanho da Copa do Mundo é desafiador, mas também uma enorme oportunidade, pois pode funcionar como um catalisador de decisões e de ações governamentais e privadas para antecipar e acelerar um conjunto de investimentos que a sociedade demanda já atualmente e que seria feito somente no médio prazo. Como há um calendário a ser cumprido, que não pode ser ignorado, é imprescindível dar celeridade aos projetos e às soluções. Faltam mil dias para a Copa do Mundo de 2014, um prazo significativo para fazer e entregar muitos serviços para a sociedade – inclusive para o mundial de futebol.