
Os números da economia mostram reforçam a importância das medidas. O Brasil tem expectativas crescentes de investimento em infraestrutura e o BNDES, historicamente a maior e principal fonte de financiamento para as obras do setor, está, hoje em dia, praticamente no limite de atuação.
Entre 2003 e 2010, o orçamento do BNDES para todos os setores econômicos cresceu, em valores correntes, de R$ 33,5 bilhões para R$ 168,4 bilhões. Dentro desse orçamento, a parcela destinada para financiar a infraestrutura aumentou, no mesmo período, de 27,5% para 46,0% do total. Os desembolsos para projetos de infraestrutura atingiram R$ 77,5 bilhões, em valores correntes, contra R$ 33,5 bilhões em 2003.
Essa expansão do crédito público para a infraestrutura acompanha a expansão dos investimentos realizados nos últimos anos. Em 2010, considerando recursos públicos e privados, o país investiu R$ 146,5 bilhões em infraestrutura, segundo dados da Abdib. Atualizados para preços de 2010, os investimentos apresentam trajetória crescente: R$ 59,9 bilhões em 2003, R$ 67,1 bilhões em 2004, R$ 79,5 bilhões em 2005, R$ 84,5 bilhões em 2006, R$ 99,2 bilhões em 2007, R$ 120,8 bilhões em 2008 e R$ 131,4 bilhões em 2009.
Do outro lado, a infraestrutura demandará ainda mais crédito. Até 2015, o Brasil deve investir R$ 922 bilhões, considerando planos e projetos em perspectiva no longo prazo, de acordo com recente levantamento da Abdib.
Esses números deixam claro que mesmo com a expansão do crédito público do BNDES para o setor (e dos recursos alocados por bancos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) verificado nos últimos anos, é preciso identificar e atrair novas fontes de crédito de longo prazo para a infraestrutura, área indispensável para o crescimento econômico, inserção social e aumento da competitividade.
Atualmente, as medidas instituídas pela Lei 12.431/2011 estão em fase de regulamentação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), processo que deve ainda contar com uma audiência pública. Regulamentadas, a expectativa é que as novas regras possam surtir efeitos positivos já no segundo semestre deste ano a partir do desenvolvimento, pelo mercado, de fundos específicos para os projetos ou setores.
Com o passar dos anos, certamente o Brasil poderá contar com um forte componente privado no financiamento das obras de infraestrutura, o que é bom para tanto para os investidores quanto para o BNDES e para o governo federal.