Um país que precisa de harmonia e reformas

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Um país que precisa de reformas para garantir recursos internos e externos e aproveitar o pouco explorado potencial de desenvolvimento de sua infraestrutura, mas que não está fazendo o que é necessário para garantir segurança jurídica por falta de harmonia entre os atores institucionais.

As afirmações acima compõe o cenário que está na cabeça dos mais importantes atores do setor empresarial e da infraestrutura do país. Eles estiveram reunidos ao longo de dois dias esta semana, em Brasília, para o Abdib Fórum 2019 – Estratégias para a Retomada dos Investimentos, promovido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base).

Nos oito painéis que compuseram o evento, onde representantes do setor público e privado puderam travar debates de alto nível sobre o desenvolvimento do Brasil, o público respondeu eletronicamente a perguntas apresentadas pela organização sobre questões que afligem o país.

Algo comum nas respostas é a urgência. Perguntados sobre como o país deve reduzir os quase R$ 300 bilhões de subsídios anuais para desenvolver a infraestrutura, 38% da plateia optou por zerá-los em 4 anos e outros 32% sugeriram a redução de 50% nesse período.

As respostas mostram um empresariado direcionado na solução de problemas de fundo para chegar ao desenvolvimento. Do total de respondentes, 75% acham que a reforma da Previdência e Tributária são o caminho para que o país volte a gerar empregos. A emissão de dívida e o aumento de gastos teve 10% das respostas.

O pensamento geral se alinhou ao discurso de abertura do evento, realizado pelo presidente do Conselho da Abdib, Britaldo Soares. Para ele, o país é “agredido pelos fatos, tratando de questões de curto prazo, sem olhar para o futuro de maneira planejada”.

“Não aproveitamos o potencial pleno da união de esforços, propósito, colaboração entre os três poderes e os setores público e privado para transformar o Brasil, independentemente das crenças e ideologias”, disse o presidente do conselho.

Na enquete, o nível de dependência entre o desenvolvimento e um relacionamento harmônico entre os poderes é considerado grande ou muito grande por 69% dos respondentes. Mas, para eles, isso não está acontecendo: 80% acham que o relacionamento atual é ruim ou péssimo.

“A sociedade espera por mudanças, reformas, crescimento, investimentos, mais emprego, saúde, educação e segurança. A despeito de ruídos recentes, acredito que temos um ambiente favorável para as reformas que o país precisa, mas precisamos ser ágeis para não frustrarmos expectativas”, afirmou Soares, lembrando que o quadro de crescimento não é animador: “E o ambiente político institucional parece insistir em não ajudar”.

O empresário cobrou que o país precisa voltar a ter uma agenda estruturada e sustentável de desenvolvimento, e que isso depende da “harmonia plena, objetividade e da clareza de propósitos de todos nós”. É o que também aparece na enquete realizada pela Abdib e a Consultoria EY antes do evento, o Barômetro da Infraestrutura Brasileira, disponível neste link.

Como chegar a esse ao desenvolvimento? Soares, a plateia e os palestrantes comungam das mesmas ideias: mais segurança jurídica, abertura comercial e para o capital estrangeiro no país e planejamento de longo prazo. O último item, aliás, foi o escolhido por 34% dos respondentes quando perguntados sobre qual seria a marca que gostaria de deixar se fosse o presidente do Brasil.

No entanto, para 52% dos respondentes da enquete, o governo não ajuda ou atrapalha no reforço da segurança jurídica que será fundamental para que o país tenha um mix de fontes internas e internas para financiar o setor de infraestrutura. Este é o caminho apontado por 80% do público presente como forma de investir no setor.

Com mais recursos, seria possível aproveitar melhor o potencial do país, por exemplo. Para 74% dos respondentes, governos locais aproveitam pouco ou nada o potencial de investimentos por meio de concessões e PPPs.

“A infraestrutura é a grande ‘oportunidade’ a nossa frente”, afirmou Soares. “Precisamos de crescimento econômico mais acelerado e temos capacidade para fazer mais rápido”, alertou.

Conteúdo produzido pela Agência iNFRA especialmente para o portal da Abdib.