Na abertura, presidente-executivo da Abdib ressalta desafios na gestão da água no Brasil

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O presidente-executivo da Abdib, Venilton Tadini, ao participar da cerimônia de abertura do 8º Fórum Mundial da Água, dia 19 de março, ressaltou a importância do planejamento para o Brasil enfrentar os desafios existentes na infraestrutura, incluindo a gestão dos recursos hídricos e a universalização do saneamento básico. A cerimônia foi realizada logo em seguida ao pronunciamento do presidente da República, Michel Temer, transmitida para o auditório principal do Centro de Convenções Ulisses Guimarães por televisão.

Tadini indicou ainda a oportunidade que o calendário eleitoral em 2018 oferece ao país para a retomada do planejamento e do rumo do desenvolvimento, perdido a partir da década de 80. Até então, disse, o Brasil registrava uma das maiores taxas de crescimento entre economias do mundo todo.

Em seguida, explicou a principal razão para o engajamento da Abdib na organização do 8º Fórum Mundial da Água. “O setor de saneamento e recursos hídricos é um dos principais segmentos da infraestrutura e objetivo permanente de preocupação de nossa associação. A água é fundamental para o desenvolvimento, seja para a qualidade de vida das pessoas, seja para as atividades industriais”, disse.

Grandes desafios – O presidente-executivo da Abdib lembrou que o Brasil detém mais de 10% das reservas globais de água doce superficial, sem contar os recursos hídricos subterrâneos. No entanto, explicou, é de conhecimento público que o país enfrenta grandes desafios no setor de recursos hídricos: adaptação às mudanças climáticas, universalização dos serviços de saneamento básico, ampliação dos investimentos, ganhos de eficiência operacional nos serviços de água e esgoto, despoluição de rios e represas e preservação de nascentes.

Tadini frisou que, no Brasil, a crise hídrica tem sido intensa e tem apenas mudado de lugar nos últimos anos. Esteve no Sul do país em 2012, quando também atingiu com severidade a Região Nordeste, onde permanece até hoje. Passou pelos estados da Região Sudeste entre 2014 e 2015, e aqui em Brasília, como é de conhecimento de todos.

Ele lembrou que não há uma solução padronizada para garantir a segurança hídrica nas metrópoles e grandes aglomerações urbanas globais. Mas, há um conjunto de boas diretrizes que podem e devem ser seguidas. “Precisamos nos conscientizar para construir uma infraestrutura resiliente e aprimorar e integrar a gestão pública para uma ação mais articulada nos momentos de crise hídrica”, afirmou, listando que as soluções passam por ampliar o consumo consciente, promover investimentos em preservação e despoluição de recursos hídricos, universalizar o acesso e o atendimento aos serviços de saneamento básico e incentivar o processo de inovação tecnológica no setor.

Baixo investimento – “Nós não entregamos água para todos os brasileiros, nós não coletamos e não tratamos o esgoto de todos. Não entregamos nas residências a quantidade total de água que tratamos”, alertou o presidente-executivo da Abdib. “Em números, 12% das pessoas no Brasil ainda não têm acesso à agua de fontes seguras; 41% dos brasileiros vivem em localidades sem solução adequada para a coleta de esgoto; as perdas de água atingem em média 37% da quantidade de água tratada. O investimento é baixo e aquém das necessidades. Nas últimas décadas, em média, investimos 0,20% do PIB em saneamento básico, quando precisamos investir pelo menos o dobro.”

No final, Venilton Tadini mostrou-se confiante com o legado que o evento deixará para o Brasil: maior consciência a respeito da mudança necessária, engajamento do poder público em torno das políticas públicas adequadas, participação ampliada da sociedade civil na tomada de decisões e visibilidade recorrente para os assuntos sobre recursos hídricos.

 

Imagens: Divulgação / Fórum Mundial da Água.