Os passos para o desenvolvimento

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O recém divulgado relatório da United Nations Conference on trade and Development (UNCTAD) traz relevantes contribuições a questão do desenvolvimento da estrutura produtiva dos países. São identificadas algumas questões críticas a serem abordadas a fim de colocar em prática processos de transformação estrutural das economias em desenvolvimento.

A rota do desenvolvimento exige diversos passos. Um deles é a política industrial, uma ferramenta essencial para todos os países. Essa política não consiste apenas em apoiar uma série de setores-chave para diversificar e modernizar a economia, mas também na construção de links e capacitações para construir uma estrutura produtiva para um mundo em rápida mutação, na qual flexibilidade e espaço para a politica econômica ativa são fundamentais.

Outro passo é a estratégia para o comércio internacional. A transformação da economia requer uma abordagem de política global. Isto inclui políticas estratégicas para o comércio internacional, políticas macroeconômicas pró-crescimento que assegurem a demanda agregada e uma taxa de câmbio estável e competitiva, bem como políticas de apoio ao nexo lucros do investimento.

O relatório mostra que tão importante quanto são a governança corporativa e o investimento público, fundamentais para revitalizar o nexo entre lucros e investimento produtivo. O sistema financeiro deve fornecer crédito e liquidez adequada para pequenas e médias empresas.

Uma abordagem estratégica para a inserção dos países no comércio internacional tem que ser pragmática na avaliação dos processos, produtos e mercados acessados, bem como no desenvolvimento da produção e relações entre os setores exportadores.

O arcabouço institucional também conta. O relatório deixa claro que experiências bem-sucedidas de países que alcançaram o desenvolvimento sempre incluem instituições sólidas e estáveis e regras claras. Elas são essenciais para se prover um ambiente estável para a atividade econômica. Há ainda a necessidade de se constituir uma burocracia apta a responder rapidamente a situações especificas.

Estas políticas e instituições, em geral, são parte de um Estado que busca o desenvolvimento, com uma burocracia estável, intimamente ligado à comunidade empresarial, mas independente a ela.

 

Igor Rocha é doutor pela Universidade de Cambridge (Reino Unido) e diretor de Planejamento e Economia da Abdib