Entrelinhas da decisão BC

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A redução da taxa Selic em meio ponto percentual, de 12,0% para 11,5% ao ano, foi uma medida acertada dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom). A unanimidade na decisão é importante porque pode indicar que essa trajetória não será interrompida no curto prazo.

Tanto a decisão quanto a perspectiva que ela medida cria trarão, indubitavelmente, auxílio nas expectativas de investimento, produção e consumo no mercado interno, considerando que o mercado externo continuará exportando sinais e efeitos negativos para todos os países, inclusive o Brasil.
Ao ratificar a tendência de redução da taxa básica de juros, o Banco Central colaborou com a expectativa do setor produtivo, que já sente o freio no mercado interno, fruto das dificuldades econômicas e financeiras das principais potências globais e também da última curva de elevação dos juros no Brasil, interrompida 45 dias atrás.
As autoridades monetárias acertam em adotar ações que signifiquem melhores condições para a produção e para o investimento, mesmo que a variação dos indicadores de inflação esteja ainda aquém do desejável.
A queda da taxa de juros não significa que o controle inflacionário será negligenciado, o que realmente não pode acontecer. Apenas mostra que a estabilidade dos preços na economia deve e pode ser perseguida por diversos instrumentos macro e microeconômicos de política fiscal e monetária.
O Brasil não pode descuidar de desafios como o controle inflacionário e o fortalecimento dos investimentos, sem os quais qualquer trajetória de crescimento e desenvolvimento será abortada no médio e longo prazo.
Paulo Godoy é presidente da Abdib